Carregar um filho pequeno no colo é um dos prazeres de qualquer mãe, mas, para Elizandra Braga Barros, 23 anos, a função tem se tornado bastante trabalhosa. Há dois dias, a doméstica tem de levar a filha Larissa, 1 ano 11 meses, no colo por um trajeto de cerca de três quilômetros em uma estrada de chão batido e cheia de subidas. Tudo porque as linhas de ônibus onde a família mora, no Rincão do Soturno, bairro Campestre do Menino Deus, em Santa Maria, foram suspensas porque o trajeto está praticamente intransitável.
- Saímos de casa lá pelas 6h para chegar a tempo de pegar outro ônibus, em outra parada, para ir trabalhar. Agora, tenho levado também a Clarissa (7 anos). Ela não tem ido na aula porque não tem transporte até a escola, e não tem como largá-la sozinha nessa estrada - diz Elizandra.
A decisão da Empresa Santa Catarina em suspender as linhas Campestre Sítio e Campestre Rincão foi baseada nos elevados gastos com consertos dos ônibus e também na segurança dos usuários e motoristas. A estrada é bastante estreita e cheia de pedras soltas e buracos. Por lá, só estão transitando veículos leves ou caminhonetes. Conforme Paulo Jair de Souza, gerente operacional da Santa Catarina, nos três últimos meses, já foram gastos cerca de R$ 1,5 mil para troca de peças dos veículos, principalmente molas. Além disso, por duas vezes, dois ônibus já chegaram a quase virar em um dos pontos mais críticos da via.
Conforme o secretário municipal de Infraestrutura, Obras e Serviços, Tubias Calil, ainda nesta sexta-feira, a estrada será patrolada e estará pronta para ser utilizada pelos veículos pesados. Na manhã de ontem, uma equipe da secretaria esteve no local. Foram colocadas pedras sobre os buracos.
- Foi uma medida temporária, mas, mesmo assim, não há problema em os ônibus passarem - explica o secretário.
Apesar disso, a empresa afirma que só irá liberar as linhas de ônibus após a estrada ser patrolada.
No ano passado, itinerários foram suspensos duas vezes
Essa é a primeira vez neste ano que as linhas de ônibus no bairro são canceladas. Em 2013, foram duas suspensões. Tudo acompanhado de perto por pelo menos 200 moradores do Rincão do Soturno e do Sítio. Welenton Rosa Freitas, 13 anos, estuda na Escola Municipal Ilda Vasconcelos e já chega cansado em sala de aula. Conforme a instituição de ensino, cerca de 30 alunos não estão indo para a aula desde o cancelamento.
- Na minha turma, até que não tem muitos faltando, mas nas outras turmas tem, principalmente os pequenos, que não percorrem sozinhos essa estrada - relata Welenton.